terça-feira, 26 de junho de 2012

EXPEDIÇÃO TABULEIRO DE MONTE CRISTO

UMA AVENTURA PELO VERDE RIO AZUL RUMO À ALTER DO CHÃO


Conta a história que após fundar Belém, em 1616, Pedro Teixeira subiu o rio Amazonas e, depois de navegar cerca de 850 km, chegou à foz do rio Tapajós. Mas o português não entrou no rio de águas verde-azuis o suficiente para conhecê-lo.


Só em 1706, quase um século depois, foi realizada a primeira investida exploratória do Tapajós. A missão seguiu rio acima com o objetivo principal de realizar “resgate” ( um eufemismo para sequestro) de índios para fins de trabalho forçado. Já as cabeceiras do rio viriam a ser descobertas em 1742.

De lá para cá o fascínio e o interesse pelo rio Tapajós só aumentaram. Atualmente, o governo federal elabora estudos (e cria tensão entre a população) objetivando construir cinco  hidrelétricas no belo rio, a fim de produzir e exportar energia elétrica para outras regiões do país.

Talvez não demore muito para virem as  levas de operários vindo de todos os cantos em direção à Itaituba e região, lotando os canteiros de obra das cinco hidrelétricas por construir, como que a confirmar o velho Marx, que dizia que para onde vai o capital vai também a mãode-obra, agora voluntariamente, auto-resgatada, e não mais sequestrada.

Por motivos diversos, várias expedições de brasileiros e estrangeiros vem descendo ou subindo o rio de águas cristalinas. No final de 2007, por exemplo, por puro gosto de aventura, noruegueses deixaram a comodidade dos seus lares e foram remar rio acima em canoas tradicionais (foto). Os europeus não deixaram por menos e cuidaram de colocar a bandeira do seu país nas embarcações.

Eles foram guiados na ocasião por Ivaldo Rostand, um remador natural de Aveiro, há anos radicado em Santarém. Em 1997, Rostand foi parceiro de Lauro Medeiros na primeira descida de caiaque pelo rio Amazonas, entre Santarém e Belém. Por seus amigos ele é apelidado de “moleque doido do Texas”.

Em abril de 2010, Rostand e Wilson (este, do grupo pioneiro a descer de caiaque o rio Amazonas, entre Manaus e Santarém), foram os guias de uma expedição de caiaque que começou em Manaus e terminou em Belém. Fui recebê-los na prainha do Ver o Rio, ali no bairro do Reduto. 



Naquela ocasião, Rostand veio acompanhado do filho, um adolescente de 14 anos de idade, e ostentava orgulhosamente a bandeira azul de “Urucurituba”, localidade situada no interior do município de Aveiro. Para recepcioná-los eu levei a bandeira do São Raimundo Esporte Clube.

Pra falar a verdade, eu ainda não consegui localizar Urucurituba  no mapa.Mas Rostand quer-porque-quer que eu conheça o lugar onde ele nasceu. Foi devido a esse convite feito durante viagem à Santarém que surgiu a idéia de descer de caiaque o rio da minha infância (aquele que Pedro Teixeira não conheceu e Dilma Roussef quer barrar), num percurso de cerca de  300 km, entre Itaituba e Santarém.

Aqui em Belém, durante a Trilha dos 100 Anos, o amigo e remador Bessa confirmou presença na expedição. De Santarém, Rostand informou hoje, 23, por telefone, que Hiel Gesã (o santareno que já foi pelo menos nove vezes campeão brasileiro de canoagem oceânica), manifestou interesse em participar da aventura.

A expedição está prevista para acontecer em setembro vindouro (com parada obrigatória em Urucurituba, claro), e chegada em Alter do Chão na época do Festival do Sairé, uma das mais importantes manifestações culturais da Amazônia. Vamos?
 

* Postado originalmente no facebook nodia 23 de maio de 2012: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=2840367348162&set=a.1358327538093.43500.1828668738&type=1&theater