quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A CENA DA CANOAGEM EM BELÉM




O ano de 2013 iniciou com notícias importantes para a canoagem local, a começar pela chegada de três barcos vindos do Paraná e o anúncio de um projeto de fabricação de novos modelos de caiaque em Belém.

Terminado o mês de janeiro, observa-se no facebook que diversos grupos de canoístas publicaram fotos, vídeos e relatos dos seus passeios. Enquanto um grupo preferiu a ilha das onças, outro realizou uma remada até a “Ilha que Explodiu". Uma dupla fez uma remada de Santa Izabel até a cidade de Bujaru, partindo da comunidade de Tacajós. Fechando o mês canoístas refizeram a travessia da ilha do Combu através do Furo dos Escravos.

Durante uma das remadas três canoístas de Belém manifestaram interesse em participar da expedição “Tabuleiro de Monte Cristo”, no rio Tapajós, cogitada para acontecer no mês de setembro, época do festival do Sairé em Alter do Chão.

Por ocasião do aniversário de Belém, o programa “Liberal Comunidade” da TV Liberal levou ao ar programa divulgando a canoagem para toda sociedade, destacando o compromisso que o esporte tem o com a preservação do meio ambiente.

No final do ano a passado a Marenteza Canoagem (MTZ) divulgou a sua programação para 2013, incluindo treinamentos e passeios para iniciantes (atividades com as quais está se tornando referência para quem deseja começar na canoagem), bem como a realização de ações ambientais. Chama a atenção nessa programação a realização de três provas de canoagem, “estando a primeira delas prevista para acontecer no mês de abril”.

Através do facebook, Igor Vianna comunicou a confirmação de patrocínio da Epic Kayaks “para uma a descida no rio Amazonas” em companhia, dentre outros, de um remador norte-americano, prevista para maio de 2013. O evento é considerado parte de uma expedição a ser concluída em 2014.

Outra ótima novidade aconteceu na última semana de janeiro, quando a Federação de Canoagem do Estado do Pará ( FECAEPA), sob a presidência de Evaldo Malato, deu a conhecer a sua programação para o ano de 2013, dela constando passeio pela orla de Belém, campeonato de canoagem tradicional, campeonato paraense de velocidade e maratonas.

Em postagem adicional no facebook Evaldo Malato esclareceu que o Campeonato de Canoas Tradicionais, previsto para acontecer no dia 27 passado, na ilha do Combu, “teve de ser alterado por conta da presença da rede globo que solicitou a pauta para sua divulgação, estamos no aguardo deles esperando a data que eles possam estar aqui”.

Em junho as atividades deverão se intensificar. No dia 15, a exemplo do que foi realizado no mês passado por um grupo de remadores norte-americanos do Texas, Evaldo Malato coordenará uma expedição em caiaques pelo rio Amazonas, do Peru até Belém. Logo no dia seguinte, a FECAEPA também dará início à 2ª. Etapa do campeonato paraense de velocidade.

Eu estava em Santarém no dia 21 de novembro passado quando a expedição dos texanos, iniciada no Peru, chegou naquela cidade. Aqui em Belém ela recebeu apoio da MTZ. Curiosamente, os norte-americanos estabeleceram a cidade de São Caetano de Odivelas como destino final da expedição.

Em janeiro, o único fato a lamentar foi a obstrução da via de acesso à rampa do Ver-o-rio pela construção de um palco, autorizado pelo governo municipal, para a realização de um evento carnavalesco promovido pelo SESC em parceria coma TV Liberal.

As programações que estão vindo a público via facebook, se cumpridas, poderiam estar indicando um novo momento da canoagem em Belém. Mas quanto do que está sendo anunciado deverá realmente acontecer?

PINTURAS DE CANTAGALO

                                                                     Foto: Fábio Mozzer.
PINTURAS DE CANTAGALO - Quando nós chegamos na boca do rio Cupari, limite sul da Floresta Nacional do Tapajós, nos perguntamos se não era o caso de mudar um pouco o planejamento da expedição e ir apreciar de perto o trabalho daquele artista dos tempos imemoriais.

Eu tinha lido algo sobre a "pedra de Cantagalo" no livro que Antônio Manuel Gonçalves Tocantins escreveu, em 1887, sobre os índios Mundurucus, mas naquele momento a sua localização era algo muito vago pra mim.

"No lugar conhecido pela denominação de Cantagalo, escreveu Tocantins, vêem-se desenhadas sobre a superfície de um morro, de cerca de cem metros de altura a prumo pelo rio, quinze figuras". Ninguém sabe até hoje o seu significado, nem os mais idosos mundurucus "que já as encontraram taes quaes estão".

"São de cor vermelha-escuro, continua o estudioso, como de ocre, e estão cerca de oito metros acima do nível máximo das águas no tempo das cheias de inverno. Hoje seria impossível a um homem traçá-las àquela altura ainda mesmo com auxilio de andaimes, pois à base do morro o rio forma uma espécie de enseada, onde a corrente é violenta".

Tocantins conta que tirou "o esboço desses caracteteres, não sei se symbólicos", e os reproduziu em sua obra. Disse também que mostrou os desenhos aos mundurucus e estes informaram que "no meio dos campos que se estendem entre Acupary e Necodemos existem caracteres deste gênero, mais numeroso".

Viajantes como Fábio Mozer e Anderson Tadeu Pantoja fizeram fotos da pedra de Cantagalo e as publicaram na internet. Não há registro, porém, da arte existente no meio dos campos, onde haveria em maior quantidade.

Algo me dizia que Cantagalo ficava assim meio frontal à foz do rio Cupari. Para satisfazer o nosso desejo de conhecer a arte dos mundurucus teríamos então que atravessar para a outra margem do rio Tapajós e sair perguntando. Com muita sorte gastaríamos um dia nessa missão.

Fizemos bem em deixar a visita para outra ocasião. As pinturas rupestres de Cantagalo, confirmei depois, ficam na margem direita do rio, mas no alto Tapajós, próximo à foz do rio Crepori, e não Cupari, como equivocadamente chegamos a pensar.